quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cúpula da Escadaria Nobre

A abóbada da escadaria nobre apresenta pinturas da autoria de António Ramalho1, retratista de traço emotivo e melancólico que se notabilizou por quadros de temática realista, onde abundam as paisagens marítimas e os retratos de mulheres e crianças. O Naturalismo caracteriza-se pela observação fiel da realidade, através da representação da natureza sem recurso à idealização do Romantismo, captando-se a chamada “realidade objectiva”. As pinturas representam a Cultura, a Industria, a Agricultura e a Pátria.
Estas representações são compostas por figurações femininas centrais sempre acompanhadas por determinados objectos específicos ou a desempenhar determinadas tarefas que caracterizam a temática da dita representação pictórica. A Cultura é constituída por uma mulher sentada numa espécie de trono com um livro aberto onde escreve com uma pena que tem na mão direita, recebe um possível comerciante árabe que se faz acompanhar por um elefante. A Indústria é composta por uma mulher sentada, trajando roupa de operária fabril, é acompanhada por um maço e uma roda, insere-se numa paisagem onde se vislumbram chaminés de fábricas a fumegar. A Agricultura é constituída por uma mulher sentada a ceifar cereais, é envolvida por uma paisagem de campos agrícolas. A Pátria apresenta uma mulher com longas asas brancas, tem na mão esquerda um ramo de loureiro e a mão direita ampara o Brasão de Portugal. Os restantes gomos são similares a nível de decoração, apresentando uma grinalda de elementos vegetalistas que emerge de uma espécie de elemento arquitectónico cujo tímpano é preenchido por medalhão com busto masculino com chapéu com asas de anjo.
Identifica-se a assinatura do pintor e data em três pontos da abóbada, duas delas com data de Março 1908 e Abril 1909, data provável da duração da execução da pintura (inicio e fim).
Tecnicamente a pintura é executada sobre tela, colada e pregada directamente sobre a superfície abobadada.
A tela tem dimensão aproximada de 4 metros de comprimento de tear, sendo composto por quatro elementos nos painéis de maior dimensão, com a representação da “Pátria” e da “Cultura”, com as seguintes dimensões: 0,70 x 4m x 4m x 0,80.
A pintura terá sido executada provavelmente através de técnica mista, velaturas, transparências a têmpera, zonas de sombras e de maior densidade poderá ser conseguido através da utilização de têmperas ou com algum aglutinante oleico. Deverá ser identificada a técnica de execução da pintura, através da caracterização de pigmentos e aglutinantes utilizados.

1 Pintor discípulo de Silva Porto, nasceu em 1858, em Barqueiros no seio de uma família pobre. Notabilizou-se por quadros de temática realista, onde abundam as paisagens marítimas e os retratos de mulheres e crianças. Entre as obras mais relevantes estão O Lanterneiro e o retrato de D. Helena Pinto de Miranda. Enquanto decorador salienta-se pelas pinturas realizadas nos tectos do Teatro Garcia de Resende, em Évora, e a abóbada do Palácio da Bolsa, no Porto. Faleceu em 1916.

   © Luis Ferreira Alves

   © Luis Ferreira Alves

   © Luis Ferreira Alves

   © Luis Ferreira Alves

   © Luis Ferreira Alves

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